quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O gênio de Mário Ferreira dos Santos



"A atualidade, em toda a sua pureza, é o ser que é apenas ser, é o ser ausente de toda deficiência de ser, é o ser Supremo. Porque, na verdade, ele é apenas ser, cuja essência é ser existencialmente apenas ser. É a intensidade suprema de ser. Com a fonte e origem do que é não pode ter vindo do nada, é ser.

A fonte e origem de tudo quanto é tem de ser apenas ser, tanto ontológica quanto ônticamente, por que, do contrário, teria uma concausa no nada, o que seria absurdo. De maneira que a primeira fonte só pode ser o ser, que apenas é ser.

Esse ser, que é apenas ser, não poderia deixar de ser, nem sofrer diminuição de ser, porque, sendo simplesmente ser, o que perdesse de ser, sem deixar de ser, seria parte dele, o que é absurdo ante a sua absoluta simplicidade, a qual não pode admitir partes.

Ademais, dar-se-ia ao nada o poder de arrebatar ser do ser, o que seria absurdo, ou ter-se-ia de admitir que o ser seria capaz de se corromper, o que seria impossível dada a sua simplicidade; por que só se corrompe o que é composto, pois a corrupção implica dissociação, separação.

Então, este ser, que é apenas ser, existe de todo o sempre. Senão teria tido um princípio, e receberia o seu ser de outro, que, por sua vez, teria princípio, ou receberia do nada, e, neste caso, o nada teria o poder de realizar o ser, o que é absurdo, por que o nada é nada. 

Existindo de todo sempre, não pode sofrer adaptações acidentais, nem tampouco mutações substanciais, pois sendo absolutamente simples, como seria isso possível de dar-se?

Se sofresse adaptações acidentais, esta simplicidade absoluta não seria absoluta, seria relativa, por que o que acontece é algo que, de certo modo, não é do pleno exercício do ser de um ente.
Mas o que se atualiza, e neste caso o Ser Supremo seria uma potência passiva para atualizar em si alguma coisa, e estaria à espera de um ato que o atualizasse, que atualizasse essa parte passiva, o que seria negar a sua absoluta simplicidade. Também, como consequência, a sua duração apenas pode ser uma simultaneamente consigo mesma, já que o que dura sucessivamente, passando de um estado para outro, é o que se dá no tempo, e a duração do Ser Supremo, não se dando sucessivamente, é eterna, é, pois, duração totalmente simultânea de algo, que é invariável no ser, e também no operar."

(SANTOS, Mário Ferreira dos. A Sabedoria da Unidade)

Nenhum comentário:

Postar um comentário